sábado, 21 de outubro de 2006

Dorot de Dorotéia...


Foi uma senhora, uma gentil senhora, que me disse certa vez que quando nascemos, parte da nossa história já está escrita...
Achei bonita aquela frase, frase de efeito, frase pronta, como diriam os franceses; não menos bonita, porém, é a idéia que carrega. Atravessei aquela avenida, já tão maçante pra mim, em passos miudinhos, repetindo a imagem da mulher e daquelas palavras que me pereciam familiar. De fato eram, me lembraram Veríssimo, em um conto ou crônica, não lembro...’’não podemos escolher os vizinhos nem a família que temos”.

E, triunfante, comemorei a genial recordação.

A impossibilidade de escolher família e vizinhos, exclui um mundo de “gentes”(as que podemos escolher) que aos poucos vão fazendo parte de nossos hábitos, de nossas vidas e “retinas tão fatigadas”. Os amigos, graças a Deus, estão nesse grupo, os inscolhíveis, e, num querer mais que bem querer, são co - autores dessa coisa meio conto ou meio fada a que vulgarmente chamamos viver (bem clichê essa última frase).

Que havemos de esperar, Marília bela?(in A poesia no Brasil, de Tomás Antonio Gonzaga)


Maria Dorotéia de Seixas Brandão ou simplesmente Dorot, nome a que me tornei afim assim que já dispunha de capacidade para compreender as poesias cochichadas ao pé do ouvido enquanto dormia, foi escolhido por minha mãe, o único legado que deixara antes de morrer. Minha mãe e avós são Mineiros, os pais deles são portugueses, daí o sobrenome Seixas Brandão, que segundo minha avó, é de fato dos Seixas Brandão de Vila Rica. Maria Dorotéia é Marília, a de Dirceu, pseudônimo do poeta Árcade Tomás Antônio Gonzaga. Quando se apaixonou pela primeira vez, minha mãe ganhou do namorado um livro, Marília de Dirceu ( um de capa dura ainda existente hoje e o sexto de tantos que ganhou lá mesmo por Minas) , e para que se repetisse um pouco da história....restou a saudade, um livro e uma menina...a Maria Dorotéia...eu...a Dorot.

Minha avó me diz que somos(eu e Ceci, minha mãe) de temperamentos e personalidades por vezes diferentes...mas que permanece em mim o mesmo gosto por música, livros, línguas, conversas de adultos e tantas outras coisas.

Meu avô, José Peixoto de Seixas Brandão, é músico e professor da escola de música de São Luís. É dado a conversas e reuniões particulares em casa ou na casa de amigos. Falam de música, Literatura, política, religião e sobre a vida....Minha avó cuida da casa, de uma irmã, tia Rita, e sofre de amores por mim, a quem carinhosamente chama de Marília da Ana. Temos ainda uma livraria, bem pequena, perto de nossa casa. Moramos numa dessas casas antigas na beira Mar, na Rua do Ribeirão, dessas que possuem um corredor imenso e escuro que termina numa grande copa e cozinha.

Arte e Biologia

"Compreendi que estava em face de alguém cuja simples personalidade era tão fascinante que, se eu me abandonasse, ela me absorviria inteiramente, a minha natureza, a minha alma e até o meu talento."
(Oscar Wilde in Retrato de Dorian Gray)


A mistura perfeita...é o que diz o Sérgio*...e lá estão entre os meus livros de citologia, zoologia, fisiologia; os clássicos ingleses, (Austen, Dickens e tantos outros) os franceses e os demais “breguessos” ( léxico a la Rita Baiana) que convivem comigo em meus nobres aposentos.
De tudo um pouco...foi o que fiz em seis períodos...lecionar biologia participar de projetos...pesquisar algas... e dói por dentro a paixão que sinto por cada período....as plantas...a Engenharia Genética, os peixes..mas acabo achando que a zoologia, e quem sabe a entomologia, vai criar os sulcos pelos quais depois, talvez, eu vá caminhar...
Por outro lado...do outro lado, há a minha formação literária...adquirida aqui mesmo na biblioteca da família, nas conversa de meu avô com os grandes artistas da terra e na livraria dos Seixas ...Escrevo no periódico da Universidade, O Bertoleza... sai todo bimestre...é o zine dum grupo de Jornalismo, Letras, Filosofia e uma galera do Direito...

Os meus pertences:Os três peixinhos beta...Chaucer, Dickens e Lucas.


The End
Os amigos...os amigos...os mais próximos, são esses dessa pagina virtual...cinco meninas...as que não choram...mas há antagonistas, coadjuvantes e tantos outros nessa ‘desventura em série’...


Beijos,


Por Dorot


4 comentários:

Anônimo disse...

o que mais faz a Dorot?

Anônimo disse...

Menina que não chora, sinto tuas lágrimas.
E nessas palavras escritas, uma doce saliva.
São noutras histórias, dessas vozes tácitas.
Que conheço uma Dorot que em ti habita.

Anônimo disse...

O nosso amor...
Bem mais que o tempo é o nosso amor.

Anônimo disse...

Desejo...
E eu não sei o que dizer quando te vejo.
Só sei querer teu beijo.
Ah, esse desejo!