quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

E fui, parti de novo..dessa vez sem O Sérgio, com uma mancha horrível de café na saia e sem vontade de saber ...

Depois do incidente com o Sérgio, ficamos quatro dias sem nos falar. Talvez ele tivesse vergonha de lembrar que um dia fora bêbado... ou talvez, eu tenha mesmo sido um pouco cruel com ele. Considerando o resultado da última votação; acho que tenho mesmo desvio de personalidade...
Acorda-se cedo nesta casa, já registrei que faz-se movimento por aqui, pelo menos, às seis da manhã...Alimentei Charles, Dickens e Lucas...deixei a listas dos livros na mesinha da sala:
- Pedi alguns livros de Lya Luft...Perdas e Ganhos que já esgotou e o mais novo dela!
- É bom ?
Vovô parecia muito cansado da reunião de ontem e estava chateado também, a reforma na escola de música atrapalharia um projeto que montara junto às escolas municipais de São Luís.
-Ainda não li Vô...mas a Duda indicou e tá lá na Veja...
-Ãh...não li a Veja ainda. Quem é Duda ?
-Duda Vô...a loirinha, minha amiga. O senhor conversou um dia com ela, faz direito, veio aqui com as meninas a Nina, Kim...Sofia, lembra ?
Vovó arrastava a chinelinha e vinha com a tapioca: -Deixa a lista aí comigo, não fala nada com teu avô que está em outro mundo por esses dias! Henrique! Vem cá menino!
- O Henrique passou direto mãe ?
- E ele pelo menos terminou o ano?... E tu ?... Quando sai dessa faculdade?
- Ah Vó, sabe Deus quando...e se aquele louco não parar de me perseguir talvez eu fique mais alguns meses lá...
- Se te perseguir, disse vovô levantando a caneca, me diz que falo com uns amigos meus, falo até como Reitor...vai ter que respeitar neta de Mineiros...tem que respeitar um Seixas Brandão...linhagem legítima dos Seixas de Vila Rica....ou então...diz que faço uns descontos pra ele na livraria...he, he, he...

- é isso aí Vô, merece um beijo na careca!
E fui...parti...dobrei a Rua do Ribeirão e caminhei rápido...o ônibus sairia da refesa, do que era a refesa, agora não era mais refesa. Parece que, mesmo com o prédio e a Maria Fumaça, que ainda permanecem por lá, o lugar perdeu o caráter quase sagrado de Refesa...agora, três protótipos de paradas de lotação estão lá...e as pessoas, tão artificiais, tão cosmopolitas, tão pós- modernas parecem orgulhar-se de tê-las...
Poderia andar todos os dias até o Centro Histórico e descer para a Integração...meu pudor, meu senso do que é sagrado não permitiriam que traísse meus hábitos( a refesa era quase como a fonte do ribeirão)...é, poderia fazer isso, mas o Sérgio não passava mais lá por casa, não comia mais tapioca e nem tomava café...já sentia saudades daquele ser ordinário que arruinava minha vida...doía a ausência dele.
Voltei...decidi passar no cafofo que habitava...lembrava mesmo O cortiço do tal João Romão, o do livro...lá de Botafogo.
-Oi...Aninha, o Sérgio já foi?
- Ah..foi, foi de carro....faz....uns cinco minutos.
Vê que burrice cometemos às seis e trinta da manhã. O Sérgio saiu de carro...a pergunta que restara era: Que carro? Talvez Sofia...não, Sofia não...ela passaria na minha casa. Nina!...Não, Nina mora longe. Que carro? E dava pra ver na cara da Ana que ela sentia um prazer masoquista de me ver ali...perdendo tempo. Ela soubera do acontecido ?
-Tu sabe quem tava no carro? Com quem ele foi?
- Não...uns meninos, umas meninas...a namorada dele, acho.
- A antiga? Uma nova?
-é nova...olha eu já vou, mais alguma pergunta?
-Tá...brigada... ( ia pra onde afinal? Dormir? Ela só fazia isso ...repetira umas três vezes o terceiro ano)
Ana, irmã do Sérgio não gostava muito de mim. Era uns três anos mais nova e nunca gostou de mim. Nunca perguntei o porquê. ( só sei, chamava-a de Aninha)
E fui, parti de novo..dessa vez sem O Sérgio, com uma mancha horrível de café na saia e sem vontade de saber como terminaria a incrível terça-feira com cara de sexta... Na cabeça: Professor Flávio quer as anotações da última viagem para Alcântara, O Bertoleza tá sem nenhuma publicação para esse bimestre...faz dois dias que não danço Jazz e As meninas querem reunião urgente no Magic.
Ah...tô devendo um filme na Nina.
Bjs
Por Dorot
Incansável...quer escrever sempre...
(Perdoa se as vírgulas e pontos tão finais estão em inteira desordem...diz um Melo Neto, o João Cabral, o de Morte e Vida Severina, que cabe ao homem pontuar sua própria vida...não deu, nessa sexta,ops, terça...não deu)

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